O cientista político e dirigente da Federação Regional dos Urbanitários do Nordeste (Frune) e do Sinergia Bahia, Gilberto Santana, em seu artigo “A Classe de Luta, e a Luta de Classes. Desafios do movimento Sindical” fez uma análise do momento político e sindical do país durante o segundo dia do planejamento da FRUNE, evento que é realizado em Salvador.
Segundo ele, a falta de consciência de classe, a despolitização, o espírito de meritocracia e individualista, associado às ideias neoliberais e a educação mercadológica contribuíram para a formação do recente cenário político brasileiro, que nos últimos anos foram marcados por desafios para o movimento sindical, especialmente durante os governos ultraliberais de Temer e Bolsonaro, que tentaram, a todo custo, enfraquecer as entidades e destruir os direitos dos trabalhadores.
Ele discorre afirmando que “resistimos ao governo Temer, e o coquetel de maldades que com a reforma trabalhista promoveu mudanças profundas, incluindo o entrave das negociações coletivas e a retirada de fontes estáveis de financiamento, com a extinção da contribuição sindical. As medidas fragilizaram a capacidade de atuação dos sindicatos, impactando diretamente na representação e defesa dos direitos sindicais. Não chegamos a fazer uso da partilha do extinto imposto sindical, nascemos sem esse contributo”.
Para Santana, o governo subsequente, de Bolsonaro, manteve a trajetória, aprofundando a agenda ultraliberal. A tentativa de enfraquecer a atuação sindical foi acompanhada por políticas que favoreceram as empresas em detrimento dos trabalhadores. No entanto, em meio às adversidades, o movimento sindical demonstrou resiliência histórica diante das ameaças do ultra liberalismo, representado pela extrema direita. A resistência sindical, ancorada na defesa dos direitos trabalhistas e previdenciários, sempre encontrou formas de contornar os desafios impostos.
Com a chegada do governo Lula, uma nova esperança se acendeu para o movimento sindical. O retorno do diálogo e a ênfase na democracia e inclusão social foram elementos que fortaleceram a relação entre o Estado e os sindicatos.
Esse ano de 2024, os sindicatos devem continuar priorizando a luta pela consolidação da democracia e promover o isolamento da extrema direita, uma luta democrática e necessária para alavancar e fortalecer os sindicatos como sujeito social principal. O movimento sindical precisa se reelaborar no trabalho de base, e, junto com a categoria voltar a protagonizar as lutas sociais”.
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