Em audiência, Comissões detalham riscos de possível privatização da Eletrobras

Não há dúvida nenhuma de que é uma questão de soberania nacional

Na audiência, eletricitários e urbanitários citaram a estatal como estratégica por ser a maior empresa de energia da América Latina e uma das dez maiores do mundo. Mozart Arnoud, do Sindicato dos Urbanitários de Pernambuco, afirmou que a privatização pode levar a aumento de tarifa para o consumidor, perda de riquezas para o país, além de desemprego. Vice-presidente da Associação de Promotores de Cultura e Cidadania (Provida), a pernambucana Claudia Leal manifestou preocupação com os usuários dos serviços da Eletronorte e da Companhia Hidrelétrica do rio São Francisco (Chesf), subsidiárias da Eletrobras.

“A Chesf, além de gerar energia com responsabilidade, respeita o povo quando não agride o rio, quando leva energia a lugares de difícil acesso, com um valor abaixo da taxa do mercado. Uma empresa privada, além de adquirir lucros, vai ter essa preocupação com o povo nordestino? De forma nenhuma. Temos aí o exemplo da Celpe: fechou 2018 com mais de R$ 111 milhões em caixa e como uma das campeãs de reclamação”, exemplificou.

Para o ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, uma eventual privatização da Eletrobras também vai colocar em risco a soberania do país.

“A privatização segue exclusivamente critérios ideológicos. Não tem motivo ou razão que sustente a privatização da Eletrobras, que envolve fundamentalmente negócios dos fundos de pensão, dos bancos e daqueles que vão gerenciar. Tem a ver com o foco nas negociatas que envolvem o setor elétrico brasileiro”.

Andreu lembrou que o presidente do Paraguai, Mário Abdo Benitez, está sob ameaça de impeachment devido a supostas pressões do Brasil e outras irregularidades na venda de energia da Usina Binacional de Itaipu. Diante da ausência de representantes do Ministério de Meio Ambiente e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), convidados para o debate, o deputado João Daniel (PT-SE) não descarta a convocação de representantes do governo brasileiro para detalhar os planos em relação à Eletrobras.

“Nós vamos discutir a possibilidade de convocação de representantes do ministério e do ONS por ninguém ter vindo para essa audiência representando o governo federal. Não há dúvida nenhuma de que é uma questão de soberania nacional. Nós não podemos abrir mão do debate sobre a privatização do setor elétrico. Ao privatizar o setor elétrico, estamos vendendo os rios e a água”.

Outros parlamentares e palestrantes ressaltaram que governadores nordestinos e conselheiros da estatal já se manifestaram contra a privatização da Eletrobras.

Fonte: Roberta Quintino- Ascom STIUDF /Via ‘Agência Câmara Notícias’.

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