A primeira rodada de negociação entre o Coletivo Nacional dos Eletricitários e a direção da Eletrobras mostrou o grau de dificuldade que será enfrentado pelos trabalhadores para conquistar um acordo coletivo de trabalho justo. A postura da Holding foi a pior possível em muitos anos de discussão, ao colocar na mesa uma proposta vergonhosa de reajuste zero, o congelamento de salários, benefícios, além de limitar gratificação de férias e congelar o adicional por tempo de serviço.
Outra proposta absurda apresentada pela empresa foi à retirada da cláusula do ACT que impede a demissão em massa de trabalhadores das empresas. Foi lembrado a todo o momento na mesa de negociação pela representação sindical que a Eletrobras apresentou um lucro recorde de 13 bilhões, e o próprio presidente Pinto Júnior fez várias declarações na imprensa que o quadro de crise do passado foi ultrapassado.
“A crise profunda que a empresa atravessou está superada. O valor de mercado saltou de 9 bilhões, no início de 2016, para mais de 33 bilhões em 2018, chegando a 50 bilhões em fevereiro de 2019”, declarou Pinto Júnior. Como é possível diante dessa nova conjuntura apresentar essa proposta inaceitável para os trabalhadores?
Os estudos do DIEESE apontam para a recuperação econômica do Sistema Eletrobras, segundo números levantados o lucro das maiores companhias melhorou em 2018, considerando uma amostra de 237 grupos, que inclui as maiores: Vale, Petrobras e Eletrobras, o lucro liquido foi de 144 bilhões, a Eletrobras ao atingir o patamar de 13,3 bilhões representa 9,2% desse montante. Fato de grandíssima relevância, que revela uma posição de grande destaque no cenário econômico nacional.
A posição passada pelo governo é clara: impor o arrocho salarial aos trabalhadores ao evitar qualquer tipo de cláusula econômica. Essa estratégia foi tentada no acordo do ano passado, mas com a forte mobilização e a luta de todos os companheiros e companheiras foi possível conquistar no ACT a inflação do período.
A posição do CNE é pela rejeição total da contraproposta da Eletrobras nas assembleias que serão realizadas durante toda a semana. É inaceitável que diante de um cenário positivo para a Holding queiram punir os trabalhadores com retirada de direitos básicos e históricos, conquistados com muita luta e sacrifícios de todos e de todas.
Os sindicatos sabem que esse tipo de proposta tem por finalidade tornar diante dos olhos dos investidores a Eletrobras mais atraente para sua privatização. Porém, os trabalhadores estão prontos para resistir, fazendo uma luta dura em defesa da sua permanência sob o controle do Estado brasileiro.
Prorrogação do ACT – O CNE informa que a Eletrobras, após solicitação das entidades sindicais, irá prorrogar a vigência do ACT de 30/04/2019 por mais 30 dias.
Calendário do CNE
Assembleias de 29 de abril a 02 de maio. O indicativo do CNE é pela rejeição da proposta e a retomada das discussões na mesa de negociação.
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