Assembleia é soberana!

Construir um acordo coletivo de trabalho é sempre uma tarefa muito difícil em qualquer categoria. No caso dos trabalhadores do setor elétrico nacional há uma complexidade ainda maior. São diversas questões envolvidas, especificidades, interesses múltiplos, conjuntura, mobilização, habilidade negocial, além de diversos outros fatores que interferem no resultado pretendido.

Este é o segundo acordo na Eletrobras/Chesf após a privatização, mas podemos considerar o primeiro com discussões mais profundas e com a imposição dos interesses da nova diretoria da holding, alinhando os seus objetivos corporativos com o mercado e a nova lógica da iniciativa privada. Ou seja, um cenário extremamente adverso para os trabalhadores. Nesse contexto, o Sinergia sempre manteve uma postura de entender a situação e buscar o melhor caminho. Em todos os momentos debateu com os chesfianos as adversidades, mostrando que não podemos abrir mão da luta, mas não devemos, por outro lado, alimentar ilusões e, sobretudo, expor os trabalhadores a riscos extremos, inclusive de perda de benefícios históricos.

Fruto de um grande esforço, conseguimos uma proposta, no geral, mais equilibrada. Importante lembrar o esforço dos representantes sindicais para manter o máximo possível do nosso conjunto do nosso ACT e sair do estágio negativo de reajuste de -12,5%, proposto pela Eletrobras. É preciso sempre destacar que as dificuldades encontradas para fechar o acordo é um reflexo do novo modelo de gestão após a privatização da holding. Desde de 2022, no governo Bolsonaro, a Eletrobras foi entregue ao setor privado, que agora mantém uma nova lógica de gestão de RH.

Após a construção de uma proposta mais equilibrada, inclusive com refinamentos para melhorar itens importantes, levamos o resultado para deliberação soberana da categoria, avaliando todos as questões, o que rendeu uma análise plural e criteriosa. Todas as assembleias foram participativas e, ao final, os trabalhadores decidiram pela aprovação.
Sabemos que a proposta aprovada possui avanços, mas, também, alguns itens sensíveis em relação ao que tínhamos quando a empresa ainda era estatal.

Em nossos debates nas assembleias não consideramos viável uma ida ao TST. Via de regra, as decisões do judiciário têm sido desfavoráveis e, seria, portanto, imprudente ameaçar o que já foi alcançado em mesa. Um revés poderia custar todo um acordo. Fomos a exaustão no debate sobre a questão da garantia de emprego, que não possui precedentes no judiciário, sem redução salarial.

A decisão dos chesfianos da Bahia, portanto, é baseada numa análise criteriosa de todo contexto. Para nós, a responsabilidade está acima de qualquer imprudência. Esse senso de responsabilidade tem feito o Sinergia e os eletricitários baianos avançarem mesmo nas adversidades. Não nos incomoda eventuais rótulos ou comentários maldosos que possam ocorrer. Nosso foco sempre será a preservação dos interesses dos eletricitários da Bahia, com serenidade e sabedoria.

Por fim, destacamos que encaminhamento foi APROVADO por ampla maioria em todas as nossas bases na Bahia. Este é o fórum de decisão dos trabalhadores. Nosso futuro não pode ser discutido em aplicativos de mensagens. A decisão da categoria autoriza o sindicato a assinar o acordo com a empresa, respeitando a vontade manisfestada por eles.

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