O revés na votação da MP 1031 ainda é sentida por todos nós, mas a traição de um senador que ajudamos a eleger é uma cicatriz que não deve fechar. Traidor. Isso é o mínimo que podemos chamar o senador Ângelo Coronel (PSD) após votar a favor da privatização da Eletrobras. Sem escrúpulos, Coronel não seguiu a posição dos senadores Jaques Wagner (PT) e Otto Alencar (PSD), que votaram contra a Medida, defendida pelo governo Bolsonaro. Na prática, Coronel foi a favor de encarecerem até 20% a conta de energia e oferecer riscos de apagão no Brasil, mais que isso: a privatização causa insegurança hídrica no Vale do São Francisco e em todo Nordeste. Resumindo: atitude vergonhosa contra o povo da Bahia e de toda região nordestina.
Entendemos que ao votar a favor da privatização da Eletrobras e da Chesf, Coronel traiu a confiança dos eleitores que o elegeram pra defender os interesses do povo trabalhador, dos ribeirinhos e dos baianos mais simples, que não podem pagar mais caro pela energia. Ele tem noção que privatizar a Eletrobras é um crime contra o Brasil e contra nossa soberania energética.
Por outro lado, o voto dos senadores Wagner e Otto contra a privatização da Eletrobras e da Chesf honra a Bahia. Já o voto de Coronel a favor da privatização envergonha nosso estado no senado”.
As consequências do voto deste traidor coloca em perigo o uso múltiplo das águas, em especial a utilização do Rio São Francisco, que é o provedor da Chesf. Coloca em risco o abastecimento de água pra consumo humano, consumo animal e a irrigação dos pequenos produtores rurais.
A direção do Sinergia vai expor essa traição em todos os ambientes possíveis. “Iremos mostrar ao povo baiano o que esse fez. Isso é imperdoável. Manchou sua vida pública e traiu seus eleitores. Traidor! Este é o pior tipo de cicatriz que um homem público pode ter.”, lamenta o coordenador geral do Sinergia, Rafael Oliveira, que garante que vai dar publicidade máxima a essa atitude vergonhosa do Senador baiano.
Sobre os Generais e outros “Coronéis”: põe na conta dos Ottários!
Gilvan Bomfim Cardoso (*)
Comecei a ler com muita expectativa a matéria veiculada no “Alarme” pela Diretoria do SINERGIA/BA cujo título é “Traidor! Senador Ângelo Coronel traiu a Bahia e os eletricitários”, e na medida em que aprofundava a leitura, apesar de concordar com a essência do que escreveram, a expectativa era substituída pela frustração em ver uma formulação tão simplória, tão reducionista, tão personalizada e consequentemente atrasada para avaliar um fenômeno que, na verdade, apesar de nem ser tão complexo, merece uma análise um pouco mais aprofundada, carece de explicações mais transparentes e, sem dúvida, enseja tanto uma autocrítica quanto um chamamento às responsabilidades, principalmente por terem apresentado a personagem central da crítica aos seus liderados como uma excelente opção de voto quando a história revela quem nem opção deveria ter sido, com o devido respeito às opiniões divergentes.
Se impõe, antes de tudo, descortinar alguns fatores omitidos no referido artigo e fazer algumas considerações:
O Senador Angelo Coronel (PSD) foi eleito na BAHIA em 2018 pela coligação “Mais trabalho por toda Bahia” agregando 14 partidos: PT; PP; PDT; PSD; PSB; PCdoB; PR; PRP; PMB; PODEMOS; AVANTE; PMN; PROS; PTC, salvo algum engano. A coligação contou com ostensivo apoio de lideranças dos movimentos sociais e sindicais inclusive do SINERGIA/BA.
Uma vez que nas eleições anteriores (2014) havíamos elegido o Senador Otto Alencar, que é o atual presidente do PSD baiano, este partido conta com dois Senadores representando o nosso Estado.
É igualmente importante trazer ao presente que nas eleições 2018 se ajudou a eleger, 06 (seis) Deputados Federais do PSD (Antônio Brito; Charles Fernandes; José Nunes; Otto Alencar Filho; Paulo Magalhães e Sérgio Brito) por uma coligação envolvendo PT; PCdoB; PP; PSB; PSD; PR; PODEMOS.
Os discursos elaborados nos levam a crer que as alianças, ainda que visem ao voto, não são meramente eleitoreiras, mas essencialmente programáticas (sic). O que caracteriza a legitimidade da mantença desse liame é, em tese, a forte componente ideológica que faz com que essas agremiações se encontrem na zona de convergência de princípios comuns.
Direcionando a nossa análise para a atuação do PSD frente à votação da MP 1031 (Privatização da Eletrobras), temos que o texto havia sido aprovado no dia 19.05 na Câmara Federal, onde a bancado daquele Partido conta com 35 (trinta e cinco) deputados. Desses 35 integrantes, 23 (vinte e três) votaram a favor da Privatização; 06 (seis) votaram contra e 06 (seis) se abstiveram. Registre-se que da “Bancada Pessedista Baiana”, composta por 06 Deputados, 04 (quatro) aprovaram a privatização e apenas 02 (dois) a reprovaram: O estreante Charles Fernandes, de Guanambi/BA, e o Deputado Otto Alencar Filho.
A votação dos Senadores Pessedistas baianos revela um PSD dividido meio a meio, pois enquanto o Senador Coronel disse SIM à Privatização, Otto Alencar disse NÃO. Já na Câmara, como dito, o cenário foi mais revelador: Enquanto 04 baianos nos venderam apenas dois nos respeitaram. É forçoso concluir que, salvo improvável fadiga mental, falta de interesse pela verdade ou desejo deliberado de blindar a agremiação, tanto no plano nacional quando no plano estadual o PSD é a favor da Privatização da Eletrobras e que o cocar do seu cacique aqui da Bahia está perdendo os penachos.
Em que pese a importância de muitos outros temas tão relevantes quanto a Privatização da ELETROBRAS, podemos extrair lições desse episódio que vão além da incontestável trairagem do Angelo Coronel, que está mais visível por ser o Senador Eleito.
Que não nos enganem, aliás que não nos enganemos pois há muitos outros “Coronéis”. A lista de traíras do PSD Baiano ficou incompleta sem os outros quatro nomes de Deputados Federais que a coligação elegeu em uma aliança que se supunha programática (sic), mas que na Câmara não impediu que eles votassem a favor da Privatização na Eletrobras: (Antonio Brito; José Nunes; Paulo Magalhães; Sérgio Brito).
A pergunta que não quer calar é “O que será que realmente atrai esse tipo de gente a se unir à Esquerda”, ou o inverso, “o que realmente atrai a Esquerda a se unir a esse tipo de gente?”. É notório que o PSD é um partido adesista. Foi concebido em 2011 sob a inspiração de Kassab e de Afif Domingos e de outros egressos dos setores mais atrasados e oportunistas da política nacional descontentes com a diminuição de espaços causada pelas disputas internas ferozes com os velhos caciques do PFL, do DEM, do PSDB… seus antigos (sic) pares.
Na Bahia o PSD tem como o seu expoente maior o Senador Otto Alencar, outrora um fiel representante da ultra direita ideológica (foi Vice-Governador de Cesar Borges), que experimenta uma derrota vergonhosa: preside um Partido no qual só convenceu um dentre os sete parlamentares que lidera (me refiro ao Charles Fernandes, pois triste do Pai que nem ao Filho convence).
Temas importantes a exemplo da Privatização de Serviços Públicos estratégicos deveriam ter sido exaustivamente debatidos também no interior de cada partido para que ficasse claro para a sociedade o que pensam seus integrantes detentores ou não de mandatos e também para alertar os coligados sobre com que tipo de partido se fez coligação. Essa aliança, se é que era, ou pelo menos se dizia que era, “programática”, possivelmente não subsistiria se soubéssemos que estamos nos juntando com vendilhões.
No âmbito do Partido Político o Senador Otto Alencar deve muitas explicações à sociedade e aos coligados. Uma delas é publicizar como será a partir de agora a sua relação com o PSD, já que o partido se notabilizou como um dos vendilhões do Estado e uma vez que ele diz ser (aliás são seus defensores na esquerda que dizem que ele é) alinhado com alguns princípios ideológicos a exemplo de manter o Setor Elétrico sob controle estatal. Pela sua trajetória política não é fácil concordar com tal assertiva.
Em se tratando dos entusiastas com a candidatura do Coronel ou mesmo das alianças com o PSD (e outros vendilhões) haverá autocrítica?
Nesse passo, agora especulando um pouco, tem-se que ou o PSD com Otto e todo seu grupo se afinam, retiram as máscaras, assumem as suas facetas liberais de direita e acaba o jogo de cena para a torcida ou Otto e os que “se dizem” alinhados com os princípios de seriedade rompem e vão se albergar em uma legenda cujos princípios e programas sejam aderentes à visão que querem que pensemos que eles atualmente incorporam. Quanto ao, por hora, justificavelmente execrado Senador Coronel, não estranharei se ele se retirar de cena sorrateiramente por algum tempo e reaparecer SEM PARTIDO e aboletado como Secretário de Governo na BAHIA. “Déjà vu”.
Com seus vendidos e vendilhões não se sabe até quando o PSD, mesmo sem mudar de rumo, continuará sendo um aliando preferencial da “Esquerda”: Talvez nunca mais, segundo a ótica das suas bases; seguramente a cada eleição, segundo o desejo dos querem o poder pelo poder e que ostentam a “capa preta”.
(*) Gilvan Bomfim Cardoso é eletricitário filiado ao SINERGIA/BA e ao Partido dos Trabalhadores
Excelente análise do texto e do contexto.
Excelente análise!
Concordo plenamente. Boa análise Gilvan.
Excelente artigo,corroboro com a tese da autocrítica, não apenas nesse episódio, como nos casos de dirigentes sindicais que por ora se acobertam da proteção dos mesmos que eles apoiaram do “PSD” observa-se que o Sinergia-Ba tomou um rumo na marcha dos interesses pessoais,a derrota recente na Diretoria de benefícios da Fachesf, já demonstra o enfraquecimento dos vorazes por apoiar candidaturas em busca de caixinhas de poder para servirem de base eleitoral partidária..
Concordo!!!
Concordo plenamente.
Matéria altamente esclarecedora, comentários importantes, transparentes e ricos em detalhes.
Parabéns!
Grato Marinho.
É importante sair do mero denuncismo e ampliar qualitativamente e debate de modo que possamos ajudar na formação da consciência crítica, ou então será como recomendar cloroquina como forma de combater o Covid-19.
É importante irmos além do mero denuncismo para ampliar qualitativamente o debata para que possamos contribuir com a formação da consciência crítica. Se assim não fizermos será o mesmo que recomendar uso de cloroquina pra combater o Covid-19.
Não entendo essa estratégia da esquerda de se aliar a esses partidos sabiamente traiçoeiros. Antws da votação enchemos o Twitter desse oportunista, participei da pesquisa que ele fez (como se ele precisasse pra saber se posicionar) e no final ele faz uma dessas coisas imperdoáveis. Espero que nunca mais aconteça esse tipo de aliança sem fidelidade programática alguma. É a fábula do sapo que dá carona ao escorpião pra atravessar o rio. Todos sabemos o que vai acontecer, pois conhecemos a natureza traiçoeira da fera.
Os comentários acima não alteram a minha linha de pensamento, mesmo porquê, refletem puras verdades, difíceis de serem combatidas. Lamentavelmente, democracia é confundida por convencimento e compras. Não escolhemos representantes para tomadas de decisões prejudiciais às reais necessidades do todo. Enquanto continuar essa falsa democracia e este sistema de governo, será difícil.