O Sinergia manifesta aqui seu apoio a todas as mobilizações em defesa das Universidades públicas do país, ameaçadas pelo corte de verbas. A decisão do governo segue na contramão de uma educação pública, democrática e de qualidade.
As Universidades constituem-se em espaços estratégicos de formação e exercício profissional dos historiadores e de tantos outros profissionais do Estado, mas também um patrimônio inalienável.
Poderíamos dar milhares de motivos para ser contra essa decisão. Vamos apenas pontuar alguns bons motivos para defender e apoiar as nossas universidades:
1- O Governo Federal não gasta muito com as universidades:
Um levantamento feito pela OCDE analisando 39 economias revelou que o Brasil é pais com menor investimento em educação universitária entre todos os pesquisados, gastando apenas US$ 3.720 por ano com cada estudante universitário de instituições privadas e públicas, essa verba vem diminuindo nos últimos anos. Para se ter uma noção no topo a da lista, em primeiro lugar, está Luxemburgo, que aplicou US$ 48.900 em cada universitário.
2- Aumentar a verba destinada ao ensino básico não exige diminuição de gastos com o ensino superior:
Esse discurso é apenas uma desculpa, o Brasil precisa muito aumentar seus investimentos em educação básica e isso está colocado como meta do PNE quando estipulou-se que até ano 2024 deveríamos alcançar o investimento de 10% do PIB, entretanto, em momento algum essa medida foi implantada em conjunto com uma exigência de diminuição dos recursos destinados as universidades federais. É necessário manter o atual investimento no ensino superior (e até aumenta-lo) junto e não em detrimento do crescimento dos recursos destinados ao ensino básico. Infelizmente os atuais números demonstram que o congelamento de verbas também está afetando a educação básica, contrariando o discurso do governo, ao menos R$ 2,4 bilhões que estavam previstos para investimentos em programas da educação infantil ao ensino médio foram bloqueados enquanto as universidades federais estão sem R$ 2,2 bilhões.
3- Não gastamos mais com Ensino Superior do que com ensino básico:
Para se entender isso é importante lembra com está estruturado o atual pacto federativo, em que as competências do ensino são divididas entre municípios com creches e ensino fundamental, estados com ensino médio e governo federal com ensino superior. A afirmação de que o poder público gasta mais com ensino superior leva em consideração apenas o federal. Pela Constituição, estados e municípios precisam direcionar pelo menos 25% de suas receitas para a educação. Tomando como base dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) percebemos que a educação superior ficou até 2015, com o equivalente a apenas R$ 0,18 a cada R$ 1 investido na educação pública no Brasil
4- No Brasil universidades federais tem atividades que vão além do ensino:
Com certeza você já deve ter ouvido falar de algum hospital universitário, instituto de pesquisa ou escola vinculado a uma universidade federal, essas instituições geralmente são mantidas em sua maior parte pelas verbas destinadas ao ensino superior, elas já tem sofrido muito com o menor repasse feito como no caso do incêndio do museu nacional que estava sem a estrutura de segurança necessária por falta de recursos
5- Universidades são importantes centros de pesquisa:
Diversas pesquisas relacionadas a tratamentos médicos que salvam vidas, novas tecnologias e demais questões estratégicas partem das universidades federais, fazendo cortes colocamos em risco as pesquisas que estão em andamento contra doenças como alguns tipos de câncer ou novas no Brasil como zika vírus.
6- Precisamos de mão de obra qualificada:
Devemos aumentar o investimento em ensino básico que vai das creches ao ensino médio, e para isso precisaremos cada vez mais de mão de obra a nível superior que será utilizada para formar os estudantes de demais níveis, em outras palavras a grosso modo, se não formamos profissionais de educação nas universidades quem vai dar aula nas escolas? Outro grande problema que afeta nosso pais é abaixa produtividade da nossa economia, que para ser melhorada precisa de maior nível de qualificação dos trabalhadores e para que isso aconteça as universidades devem ter papel central nessa formação
7- Universidades publicas não são locais apenas de pessoas ricas:
É fato que no brasil pessoas de classe social mais alta tem maior possibilidade de ingressar no ensino superior federal, no entanto, a solução para esse gargalo é buscar atitudes que revertam a desigualdade, aumentar a qualidade do ensino básico como já foi falado anteriormente sem que seja necessário um desmonte da educação superior gratuita ou que sejam cobradas mensalidades de apenas uma parcela dos alunos. Importante lembrar que todas as pessoas pagam impostos e por isso já pagam pelo ensino. Outro ponto importante que justifica bem essa afirmação é que no Brasil a educação é um direito e não uma mercadoria
Exemplos de ensino superior gratuito como na Alemanha e na Espanha são bons e mesmo nos países que cobram mensalidades o custo do ensino nem de longe é coberto
8- Há acusações e suspeitas de interesses envolvidos:
Vários discursos de figuras de destaque do governo Bolsonaro deixaram a entender que o ambiente das universidades federais é visto com ressalvas chagando ao ponto serem acusadas de promoção de “balbúrdia”, mesmo que alguma divergência ideológica seja confirmada é importante que o governo não só entenda a importância de agir de maneira institucional mas que saiba lidar de maneira democrática com os que discorda ou não tem simpatia, do contrário estará agindo com perseguição. Outra suspeita importante levantada é a de lobby por parte das universidades particulares, que hoje já tem 75% das matrículas e tem como vice presidente de sua associação Elizabeth Guedes, irmã de do Ministro da Fazenda Paulo Guedes um dos homens fortes do Governo
9- O corte também atingiu outras instituições:
Outras instituições, inclusive escolas tiveram verba cortada pelo governo federal
A educação no Brasil precisa ser vista como um todo e não fatiada em nives vistos como excludentes entre si
País sem educação é país fadado a passar por dias muito difíceis
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