Segurança é fundamental para qualquer empresa. Isso concordamos, (e até defendemos). Mas, demitir trabalhador por não usar EPI é exagerado. Não seria, se a Coelba fosse um modelo de disciplina nesse quesito. Retardar a entrega de material de segurança é uma prática comum. Isso sem falar quando eles não chegam ao trabalhador ou têm sua distribuição dificultada pela extrema burocracia imposta pela própria empresa.
Por esses motivos, entendemos que a demissão de um coelbano, com mais de trinta anos de serviço prestado à empresa, apenas pelo fato deste ser flagrado pelo presidente da companhia sem usar os equipamentos é exagerado. Se o mesmo critério for usado, sem levar em consideração o descaso da própria Coelba com o fornecimento e distribuição dos EPI’s, pelo menos 80% do efetivo da empresa deveria ser demitido. Não por culpa dos trabalhadores, mas sim da própria Coelba.
Para ir ao extremo da demissão, a Coelba deveria ir ao extremo na segurança, coisa que nem de longe ocorre. O que dizer então da situação dos trabalhadores das suas empresas terceirizadas? Será que todos cumprem a determinação da Coelba quando a questão é segurança? Me bata um abacate! Só pra lembrar, um cabo da rede elétrica caiu, na última semana, em cima de cinco estudantes com idades entre 11 e 13 anos, na zona rural de Belmonte, no sul da Bahia. Três jovens sofreram queimaduras graves. A culpa, neste caso, é das crianças ou da Coelba que não investe o suficiente em manutenção preventiva em suas redes de distribuição e transmissão? Isso também é segurança, Coelba!
Reafirmamos que, para nós, a segurança deve ser prioridade e o trabalhador tem a obrigação de adotar sempre as práticas que garantam a sua e a integridade dos demais. Por outro lado, uma empresa que diz ter como foco o respeito à vida não pode ser míope para os descasos frequentes das suas contratadas. Essa negligência, inclusive, tem como saldo centenas de mortes de trabalhadores e usuários na última década.
Querem falar de segurança? Ótimo! Mas, façam primeiro o dever de casa para ter moral suficiente de demitir um trabalhador por suposta negligência na segurança. Do contrário, é melhor não fazer caça às bruxas para a própria incompetência de quem dirige a empresa.
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