O CNE e as Entidades Sindicais representantes dos trabalhadores e trabalhadoras da Eletrobras, após pesquisa nos anais da história recente, trazem à luz os motivos do desespero do presidente da Eletrobras para entrega da maior empresa de energia elétrica do país e da América Latina ao capital estatal internacional.
- Porque a cada dia que passa a sociedade vai compreendendo o plano arquitetado por Pinto Junior para transferir o controle da Eletrobras a acionistas minoritários, liderados pelo Banco Clássico e pela 3G RADAR de Jorge Paulo Lemann.
Para os esquecidos ou que os não conhecem, Jorge Paulo Lemann tornou-se o mais recente queridinho do governo, o mais novo Midas protetor. De um banqueiro que fez fortuna circulando nos bastidores do poder, prospectando nas sombras dos bastidores informações e decisões que o privilegiem, agora, do governo Temer para cá, tornou-se o grande artífice das negociatas que envolvem laranjas (em cargos privilegiados do governo, de estatais e fundos de pensão), funcionários privados e públicos de carreira afeitos ao poder econômico, e de governos fracos que buscam agradar às oligarquias para manterem-se no poder.
A história do Brasil já teve muitos deles, os mais recentes, Eike Batista, Daniel Dantas, André Esteves, Emílio e Marcelo Odebrecht, Atiliano de Oms Sobrinho (este da época FHC), até ao “pai de todos”, o Visconde de Mauá. Cabe aqui lembrar ao atual governo que JP Lemann aprendeu com a Lava Jato que ao cair em desgraça pode levar o governo a bancarrota e safar-se com uma delação premiada. Ou seja, ele está na dianteira.
- Porque a realização detida de análises e estudos técnicos sérios e isentos colocarão sob terra os seus planos e argumentos, mostrando o quanto o povo será prejudicado.
Pelas pesquisas mostrando que 75% da população é contra as privatizações, não é preciso um ano para que os 24,5% restante note quão prejudicial é a privatização da Eletrobras. O aumento das tarifas vai retirar dinheiro do bolso da população e transferir bilhões a um seleto grupo de privilegiados, acostumados a ganhar dinheiro sem investir o seu próprio, sem trabalhar e sem riscos.
- Porque os viciados em vender o patrimônio público a preço banana têm pressa e ficam abstêmios quando não conseguem entregar a missão requerida pelos donos das bancas!
Até porque os interesses desses mega exploradores conflituam com os interesses de outras grandes oligarquias (como da indústria, por exemplo, que perde competitividade pelo aumento de custos) com poder de fogo. Então, quanto antes melhor.
Aliás, falando em viciados, o senhor ministro da economia e duble de empresário, Paulo Guedes, em evento realizado no BNDES, dia 08/02 p.p., teve a petulância de dizer em seu discurso de camelô vendendo bala na esquina, que muitas estatais “são filhos fugidos e drogados”.
Todavia, o senhor ministro da economia americana, como bem citou uma companheira sindicalista de Santa Catarina, “- Drogados não são aqueles que vendem tudo que têm em casa pra sustentar o vício? Afinal, quem quer vender tudo?”
- Porque, à medida que o tempo passa, os conflitos de interesses ficam cada vez mais expostos e não resistem à luz do dia.
Esses experts em maracutaia contam com a hipnose que passam às pessoas e aos grupos de poder, sabendo eles que a hipnose pode ser repentina e a reação contra eles ser tão dura e efetiva, que deixar as coisas com aspecto de juridicamente irreversível é, de fato, parte crucial do Plano A. Se a ficha cair, seguram-se na justiça (basta ver o caso dos pedágios, ainda da época do FHC, que com todas as evidências de corrupção por parte dos governos paulistas e paranaenses, eles continuam em pé e cobrando tarifas aviltantes).
- Porque as demais partes interessadas da Eletrobras, à exceção dos minoritários espertalhões, despertarão do transe, sentirão a exploração eminente, criarão coragem e reclamarão da elevadíssima conta que terão que pagar neste nefasto processo de privatização.
- Porque a indústria, o comércio e os demais atores dos setores produtivos do país, poderão compreender o que está por trás da privatização da Eletrobras, que representará aumentos significativos nas contas de energia elétrica e elevará ainda mais os custos de produção. Estes aumentos, quando repassados aos consumidores finais, trarão impactos negativos no consumo e nos resultados das empresas.
A hipótese de repassar o aumento de custo aos preços é um temor, haja vista a baixíssima capacidade dos salários em pagar o aumento nos preços dos produtos, bem como da alta competitividade e protecionismo no mercado internacional. Será prejuízo na veia nos demais setores da produção.
- Porque houve uma grande renovação no Congresso Nacional e quando os parlamentares sérios e comprometidos com o país entenderem a tramoia contra os consumidores e a sociedade ficarão contrários à privatização da Eletrobras.
Os megalarápios não conseguiram convencer o Congresso anterior e contam com a pseudo ignorância dos novos congressistas. Entretanto, eles sabem que em posse de dados e informações, os congressistas antigos e novos não permitirão tamanha safadeza, até porque eles foram eleitos para agirem contra tudo o que estava em andamento. É uma escolha entre o poder econômico desses especuladores e a sua própria existência política.
- Porque o processo não suporta a luz da ética e da transparência.
O recente “apagão” dos órgãos de fiscalização e controle (CVM e Ministério Público inclusive) e autoridades é comum em início de novos governos, mas esses especuladores sabem que isso se reverterá a qualquer momento, a qualquer acontecimento. Até mesmo com o que aconteceu em Mariana, Brumadinho e agora no CT do Flamengo.
Enfim, como eles não sabem o quanto vai durar, eles querem tudo e o mais rápido possível. Não dormem, não têm fim de semana, agem diuturnamente. Querem o dinheiro dos aposentados, dos velhinhos dos fundos de pensão. Querem seu salário, seus benefícios, sua água, seu cafezinho, seu ar condicionado, seu papel higiênico, seu plano de saúde, sua segurança no trabalho, sua lixeira, sua mesa de trabalho. Querem absolutamente tudo, na mais clara avareza e ganância.
- Porque nos últimos anos a Eletrobras vem mostrando as suas potencialidades e pujança, mesmo com toda campanha difamatória patrocinada por Wilson Pinto Junior, desde sua chegada em julho de 2016.
A Sociedade percebe cada vez mais que somente uma análise comparativa (com o seu próprio passado ou com seus pares na atualidade) pode levar a uma boa decisão. A análise com o passado encontra-se, por um pequeno espaço de tempo, comprometida, visto que grande parte da população, por conseguinte, dos eleitores, tem hoje menos de 40 anos de idade e não tem condições (nem tempo) de verificar que essa política entreguista já foi feita tanto no governo Collor quanto do Fernando Henrique Cardoso, demonstrando-se um verdadeiro desastre para o conjunto da sociedade, inclusive às oligarquias dominantes.
Entretanto, ao comparar com a Argentina, nota-se que a política do governo Macri fez com que o país vizinho entrasse numa grande crise econômico-financeira (os trabalhadores e pequenas e médias empresas não conseguem nem pagar suas faturas de energia).
Dá também para olhar para o Chile, grande referência econômica do governo brasileiro, e que gerou um enorme exército de miseráveis, principalmente os mais velhos.
- Porque mentira tem perna curta e a verdade sobre as intenções e os interesses inconfessáveis começam a aparecer – razão da velocidade defendida.
- Porque as privatizações, que não deram certo no Brasil e no exterior, começam a ser questionadas pela sociedade, principalmente por conta das tragédias ocorridas no seio da VALE e o caso EMBRAER, que um dia foi brasileira e hoje virou uma divisão da americana Boeing (a tecnologia é transferida de graça; os empregos são fechados aqui e abertos lá; e os impostos para educação saúde, segurança são pagos lá. Mais emprego ao americano e mais dinheiro para o Trump).
- Porque o Brasil, de uma hora para outra, pode acordar e entender que está virando um país aonde as multinacionais estrangeiras chegam com moedas fortes e compram ativos prontos e lucrativos a preços de banana, a exemplo do que ocorreu com a CPFL – que já foi presidida por Wilson Pinto Junior e hoje pertence à estatal chinesa Companhia Nacional da Rede Elétrica da China (State Grid).
- Porque a sociedade conhece a Eletrobras e suas empresas e sabe que elas representam a última fronteira de qualidade no Setor Elétrico. Na década de 90 muitas empresas do setor foram privatizadas e no bojo desse processo veio o sucateamento das instalações e dos quadros técnicos, num completo empobrecimento da engenharia nacional.
Os salários foram reduzidos, tirando dinheiro do trabalhador, que gasta com sua família na economia local, para o bolso dos megaespeculadores, que gastam seu dinheiro com suas famílias na Europa e nos Estados Unidos.
- Porque em tempos de crises e discussões geopolíticas, a prudência e o zelo pela soberania nacional não recomendam a entrega do controle de empresas estratégicas, prestadoras de serviços públicos essenciais e gestoras de usinas hidrelétricas, termonucleares e linhas de transmissão quilométricas – razão do açodamento e desespero de Wilson Pinto Junior.
- Finalizando, porque ele quer entregar rapidamente e sem discussão a encomenda feita pelos minoritários graúdos, sem que haja tempo para que as entranhas do processo sejam expostas pelas luzes da transparência.
Fonte: CNE/AEEL
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