Eletrobras: apesar de todo ataque, uma empresa sólida

Não é possível que os parlamentares, mesmo aqueles que defendem a privatização da companhia, aceitem esse negócio extremamente suspeito

Desde que chegou à Eletrobras, o senhor Wilson Pinto se dedica a destruir a imagem da empresa “dia sim e outro também”, menospreza empregados, diz que estamos falidos, veicula anúncios em sites golpistas, entre outras peripécias.

Apesar do Pinto e graças ao esforço de trabalhadores e trabalhadoras, a Eletrobras ainda é capaz de ser uma usina de boas notícias. Como a que a própria diretora financeira escolhida pelo presidente, foi obrigada a noticiar há alguns dias, por meio de Fato Relevante, uma dessas notícias que nos enchem de orgulho.

Entretanto, a Eletrobras resiste. Resiste porque é formada por milhares de trabalhadores e trabalhadoras honrados, que se orgulham da empresa em que trabalham e se dedicam diariamente a construir a maior empresa de energia elétrica da América Latina.

Apesar do Pinto e graças ao esforço de trabalhadores e trabalhadoras, a Eletrobras ainda é capaz de ser uma usina de boas notícias. Como a que a própria diretora financeira escolhida pelo presidente, foi obrigada a noticiar há alguns dias, por meio de Fato Relevante, uma dessas notícias que nos enchem de orgulho.

Trata-se da aprovação pela Aneel das revisões tarifárias das concessões de transmissão da Eletrobras além da RAP das empresas para o ciclo tarifário 2020-2021. Segundo a Eletrobras, a RAP sofrerá acréscimos por conta “do resultado positivo da Revisão Tarifária Periódica de 2018 e do reconhecimento da parcela da remuneração” pelo custo do capital próprio. A remuneração havia sido excluída pela Aneel em 2017 por liminares judiciais, que foram revogadas.

Segundo a própria empresa, “para fins de comparação, a soma dos efeitos da Revisão Tarifária com a Parcela de Ajuste, resulta em um aumento estimado na RAP para o Ciclo 2020-2021 em relação ao Ciclo de 2019-2020, de forma consolidada, de aproximadamente 31% (…)”.

Só no ciclo 2020-2021, considerando as revisões e reconhecimentos, a Eletrobras receberá R$ 13 bilhões. Isso em apenas um ano e apenas numa das unidades de negócio da empresa!

Esse número grita ainda mais alto quando comparamos o mais recente ato falho do presidente Pinto. Em live para o grupo Lide do Ceará (empresa do  João Dória, do partido político privatista e entreguista PSDB, cujos eventos caríssimos ainda carecem de esclarecimentos sobre sua dinâmica de patrocínios), Wilson admitiu que a empresa pode levantar apenas R$ 14 bilhões com a privatização. Ora, o governo federal espera arrecadar R$ 16 bi, mas o principal executivo da empresa quer vender mais barato ainda! É a verdadeira “síndrome do Ricardo Eletro”: o patrão ficou maluco! Alguém precisa informar ao senhor Wilson Pinto que ele não preside uma empresa do ramo varejista, mas a maior empresa de eletricidade do continente!

Em setembro de 2019, o valor de mercado da Eletrobras ultrapassou os R$72,5 bi. Em fevereiro de 2020, antes da crise do Covid-19, ainda era de mais de R$60 bilhões. A venda ocorrerá quando o valor de mercado da empresa está em R$49 bi, ou seja, 32% menor do que em setembro de 2019 e 21% menor que em fevereiro de 2020.

O preço que ele espera arrecadar com essa privataria é coberto com apenas um ano de RAP da companhia. Um escárnio! A piada de mau gosto fica ainda pior se analisarmos outros números da empresa:

  • Receita de indenizações a receber pela RBSE por conta da renovação das concessões: R$ 39 bi
  • Lucro acumulado nos últimos 2 anos de R$ 24 bi;
  • Lucro no primeiro trimestre de R$ 307 milhões.

Ou seja, o senhor Wilson Pinto quer entregar a companhia pelo troco do cafezinho!

Não é possível que os parlamentares, mesmo aqueles que defendem a privatização da companhia, aceitem esse negócio extremamente suspeito.

Contudo, no momento em que o Brasil se depara com aquela que poderá ser a maior recessão de sua história, com consequências dramáticas para a população após a perda de milhares de vidas e milhões de empregos provocadas pela pandemia da Covid-19, é urgente lançar um ambicioso programa de investimentos públicos. Com sua história de serviços prestados ao país em quase 60 anos de existência, a Eletrobras, empresa controlada pelo Governo Federal, reúne todas as condições necessárias para ter papel de destaque na retomada da economia e se tornar uma mola propulsora do desenvolvimento nacional.

  1. A Eletrobras possui know-how acumulado na realização das maiores obras de infraestrutura elétrica do país;
  1. Apresenta situação econômico-financeira bastante saudável, com relação Divida Líquida / EBITDA reduzida e elevado potencial de alavancagem para novos projetos;
  1. Tem experiência em parcerias com a iniciativa privada, que são estratégicas e podem ajudar a dinamizar toda a cadeia produtiva do setor elétrico;
  1. Possui mais de R$ 12 bilhões em caixa e uma extensa carteira de projetos em transmissão e geração de energia limpa que podem, além de gerar desenvolvimento, emprego e renda, consolidar o Brasil como referência mundial em geração de energia limpa, contribuindo para reduzir seu preço no país.

Assim sendo, para cumprir o papel para o qual está vocacionada gerando empregos e levando desenvolvimento a diversas regiões do país no pós-pandemia a Eletrobras não pode e nem deve ser privatizada. Se antes da pandemia a proposta de privatização da Eletrobras já não apresentava nenhum ganho para o país, na atual conjuntura torna-se ainda mais descabida e anacrônica. Vivemos um novo cenário e no “novo normal” do setor elétrico as estatais terão grande protagonismo.

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