
A Diretoria da Eletrobras anunciou a mudança de nome da maior empresa de energia elétrica da América Latina diretamente ao mercado, sem comunicar com quem trabalha no dia a dia da Empresa, ou às entidades sindicais representativas da categoria. Soubemos que haverá uma live no próximo dia 24, mas no mesmo horário, a Eletrobras insiste em reunir com a Coordenação Nacional do CNE, como forma de impedir a participação na live. Aliás, mais uma vez, os dirigentes sindicais liberados não foram convocados, configurando prática antissindical.
De Eletrobras para Axia Energia, a atual gestão da Eletrobras privada quer apagar a história e as razões (do povo brasileiro!) que construíram desde a década de 60, nossa grande Eletrobras.
Desde a origem do novo nome, que vem do grego, até a falta de originalidade da marca — que já é utilizada em diversos outros segmentos como agronegócio, mineração e até energia (Amsterdam, Colômbia, EUA) —, a gestão da Eletrobras privada se equivoca em achar que a mudança de nome por si só, apagará a origem e a essência de uma empresa que sempre teve como missão servir ao povo brasileiro.
O nome Eletrobras é a sinergia de duas palavras: “Eletro”, de eletricidade e “Bras”, de Brasil. Eletrobras significa literalmente “Eletricidade do Brasil”, a energia como bem comum, a engenharia nacional como instrumento de soberania, e a eletricidade como direito de todos.
Em tempos de COP 30 em que se evoca a soberania, o respeito aos povos originários e territoriais e ao meio ambiente, o movimento de mudança de nome por algo que remete à submissão do Brasil aos interesses do capital financeiro internacional é um retrocesso e um reforço à política de desmonte do patrimônio público brasileiro que, recentemente, fechou acordo com essa gestão para indicar algumas cadeiras no Conselho de Administração. Esse movimento, comunicado diretamente ao mercado, remete qual o real valor que a atual gestão valoriza: o valor de troca, do lucro, da rentabilidade acionária.
A justificativa para a mudança do nome demonstra a incoerência que ocorre no âmbito da empresa. Orientação por disciplina financeira e excelência operacional pode ser traduzido por: “a gestão faz tudo, e quem trabalha nada”. Desde a privatização o salário dos gestores de alta cúpula aumentou mais de 2.000%, enquanto pratica redução salarial na categoria.
Na prática, a gestão atual da direção da UHE, com o corpo de gestores técnicos contrariados à aquisição, agora figura nos noticiários pelo risco estrutural e ambiental. O aumento substancial de acidentes de trabalho, desde a privatização, é resultado da gestão de desempenho atualmente aplicada.
Ao dizer que a nova marca remete àquilo que conecta e sustenta, percebemos o quão desconecta é a marca. Começa pela não concepção com quem constrói a Eletrobras no dia a dia. Conexão pressupõe comunicação, processo interno que a empresa desmontou propositalmente para não comunicar internamente com seu quadro de pessoal, cortando os acessos a documentos internos, diminuindo as informações: sequer se sabe qual a perspectiva de crescimento dentro da empresa. Se não tem acesso ao básico, o que dirá ser comunicado algo tão significativo como a mudança de nome. Isso demonstra qual o real valor que a categoria tem para a atual gestão.
Sustentação pressupõe confiança e parceria, a gestão adotada é a de atrito. Não se trata de alterar um nome ou uma marca. Trata-se de uma tentativa de apagar a história da maior empresa de energia elétrica da América Latina e do simbolismo que seria a entrega do patrimônio público brasileiro aos interesses do mercado.
Axia não é o futuro, é o retrato do atraso ao imaginar que uma história tão significativa e potente pode se apagar assim. É o retrato da submissão à ideologia de que o mérito pertence a quem compra, não a quem constrói; de que o mérito é do investidor, não do povo brasileiro.
Podem querer mudar o nome, mas não podem apagar nossa memória.
A ELETROBRAS É DO POVO BRASILEIRO!
Texto: Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE)
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