Entidades que representam os trabalhadores avisaram reiteradamente as autoridades e a direção da Eletrobras que apagão poderia ocorrer com o desmonte das empresas após a privatização
Um apagão afetou nesta manhã vinte estados do Brasil das regiões Norte, Nordeste e Sudeste e mais o Distrito Federal. Além de muito transtornos em todos os setores, o apagão representa um prejuízo incalculável para a economia do país. As causas ainda estão sendo investigadas pelo ONS (Operador Nacional do Sistema), mas os eletricitários já haviam alertado para os riscos da ausência de energia ocorrer em todo país. Confira a nota do Sindicato dos Eletricitários da Bahia, da Confederação Nacional dos Urbanitários (CNU) e da Federação dos Urbanitários do Nordeste (FRUNE).
Inicialmente, é preciso esclarecer que a Eletrobras é responsável por 45% das linhas de transmissão do país. Isso por si só já explica sua importância para a segurança energética para o Brasil. A Eletrobras foi privatizada no ano passado e desde então seus trabalhadores vêm lutando contra os desmontes de setores fundamentais para o bom funcionamento da empresa e do atendimento à população.
A possibilidade de um apagão foi por diversas vezes previsto pela Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) que, inclusive, enviou correspondência ao MME, a ONS e a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). “Não sabemos ainda a causa, mas podemos afirmar que a falta de pessoal qualificado, após a dispensa de milhares de trabalhadores experientes, a não reposição da mão de obra, os problemas com falta de equipamentos adequados e a visão da atual direção da Eletrobras em distribuir lucros aos acionistas em detrimento dos investimentos necessários são responsáveis por este apagão”, explica o Presidente da CNU e diretor do Sinergia, Paulo de Tarso.
É fato incontestável que cancelamentos de intervenções necessárias, em equipamentos, reflete diretamente na confiabilidade e disponibilidade operacional dos ativos, podendo resultar em desligamentos com interrupções de carga. Coincidentemente as ocorrências no sistema elétrico, sob responsabilidade da Eletrobras e suas subsidiárias, estão se intensificando desde que foi implantado, na empresa, a política de demissões em massa de trabalhadores altamente capacitados e qualificados.
A gestão da Eletrobras chega ao cúmulo do absurdo de dar continuidade as demissões, mesmo reconhecendo que necessita de contratação de novos empregados, cujo processo se iniciou em junho de 2023, mas ainda não foi concluído.
A ausência de profissionais altamente qualificados colocara permanente o sistema elétrico em risco de colapso, além de prejudicar enormemente o processo de repasse de conhecimento e de interação técnica entre profissionais experientes e novos.
Esta situação demonstra claramente falhas graves no planejamento dos PDV´s, com fortes impactos na manutenção da capacidade técnica das empresas e na preservação da qualidade dos serviços de geração e transmissão de energia elétrica, prestados à sociedade brasileira.
A recomposição do sistema, quando ocorre um apagão dessa proporção, precisa ser feito com a máxima brevidade e segurança. Isso só é possível se tivermos profissionais com ampla experiência, mas a situação atual das empresas do grupo Eletrobras não permite isso ocorrer.
“Não sabemos ainda a causa oficial do apagão de hoje, mas podemos afirmar que pode haver uma relação direta entre a diminuição do número de funcionários, a falta de manutenção preventiva, a sobrecarga de trabalho e a ausência de profissionais experientes com os problemas que enfrentamos nesta manhã”, explica Tarso.
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