Neoenergia amplia lucro com suor dos trabalhadores, mas na hora do reconhecimento frustra categoria oferecendo migalhas como recompensa
Não faltou persistência e argumentação dos dirigentes sindicais para sensibilizar a Neoenergia na negociação realizada na última quarta, 28, em Recife. A expectativa dos dirigentes sindicais era de que a holding apresentasse uma proposta à altura da dedicação de cada trabalhador do Grupo. Entretanto, mesmo diante da solidez financeira que a Neoenergia passa, a bancada patronal trouxe uma proposta rebaixada, que considerarmos, no mínimo, como migalha.
Se por um lado a negociação não trouxe boas notícias para a categoria, por outro, revela (mais uma vez) o desprezo da Neoenergia em relação aos seus trabalhadores. O descaso é demonstrado de várias formas, a proposta insignificante é apenas mais uma. O golpe que a holding está tentando aplicar, através da criação da famigerada NÉOS, nas nossas Fundações é outro. Quer mais? Então que tal lembrar a falta de avanços nas negociações da PLR, onde a Neoenergia tenta impor um limitador no pagamento? Sobre essa questão, a Intersindical já deixou claro que não vai aceitar retrocessos.
Ainda não está convencido do descaso da Neoenergia? Então podemos falar sobre as demissões injustas que acontecem nas empresas. Pois bem, de um modo geral, o que se comprova é uma política de desvalorização dos trabalhadores, ampliada, sobretudo, após a Iberdrola assumir o controle acionário da Neoenergia. Os espanhóis fizeram questão de mostrar suas credenciais com o processo selvagem de demissões que ainda segue acontecendo nas empresas.
PROPOSTA REBAIXADA
Em relação a proposta apresentada pela Neoenergia, a Intersindical considera os números uma verdadeira afronta, já que não coincide com o momento financeiro atual. Para se ter ideia, o lucro da holding é de 4 milhões por dia. Seu lucro cresceu 196,6% no 2º trimestre e, além disso, apurou lucro líquido de R$ 383,4 milhões no segundo trimestre deste ano, volume 196,6% maior que o apurado em igual período do ano passado.
Curioso que o comunicado “Minuto Neoenergia” sobre a negociação, a empresa apresenta sua proposta e fala em suas “possibilidades financeiras para manter a empresa sustentável”, o que soa como um verdadeiro deboche. Confira no verso a proposta da holding e a contraproposta da Intersindical.
PROPOSTA INDECENTE
A pós um intenso debate, onde a bancada sindical tentou alcançar números justos para os trabalhadores, a Neoenergia apresentou uma verdadeira PROPOSTA INDECENTE. Além de números distantes do desejo da categoria, a proposta contém uma tentativa de formalizar a extinção das nossas Fundações com a inclusão da NÉOS nos ACT´s. Confira a proposta apresentada e a contraproposta da Intersindical.
PROPOSTA NEOENERGIA
Vigência – 1 ano.
Estabilidade – 30 meses indenizáveis
Ticket – Reajustar pelo INPC (3,97%)
Reajuste salarial – INPC (3,97%)
Abono – R$ 1.700,00.
Participação no Conselho de Administração (Celpe) Discutir na específica da Celpe
Assédio Moral – Manter ACT.
PCCS – Retirar da pauta
Anuênio – Retirar da pauta Piso Salarial – Congelar por mais 1 ano
Gratificação de Férias – Voltar para pauta específica
Empréstimo Emergencial – R$ 2.000,00, sem margem
Adicional por serviço em escala e penosidade – Voltar para pauta específica
Auxílio Creche – Voltar para as específicas
Fundações – Excluir cláusula atual das Fundações e inserir NÉOS como única Fundação no ACT.
Homologação – Voltar para pauta específicas.
Reestruturação produtiva – Voltar para pauta específica.
Adicional de periculosidade – Manter Legislação
Liberação dirigentes sindicais – Não concorda.
PPP – Voltar para a pauta específica.
Prorrogação da licença maternidade e paternidade – Voltar para as específicas
Atividades corporativas – Excluída
CONTRAPROPOSTA DA INTERSINDICAL
Vigência – 1 ano.
Estabilidade – Adequar a Celpe aos parâmetros da Cosern e Coelba e manter ACT
Ticket –25 tickets, valor unitário de R$ 42,00 – Cesta básica de R$ 180,00
Reajuste salarial – 6%
Abono – R$ 3.000,00.
Participação no Conselho de Administração (Celpe) Manter pauta
Assédio Moral – Manter ACT.
PCCS – Retornar Carta Compromisso para dar continuidade as discussões com a intersindical
Adicional por tempo de serviço – Retirada
Piso Salarial – R$ 1.500,00
Gratificação de Férias – Voltar para pauta específica
Empréstimo Emergencial – R$ 3.000,00, sem margem
Adicional por serviço em escala e penosidade – Voltar para pauta específica
Auxílio Creche – voltar para pauta específica, com acréscimo de dois anos para a idade para os três sindicatos.
Fundações – Manter pauta.
Homologação – Manter pauta.
Reestruturação produtiva e mudanças tecnológicas – Voltar para pauta específica.
Adicional de periculosidade – Pagamento pela remuneração. Manter pauta
Liberação dirigentes sindicais – Manter pauta.
PPP – Voltar para a pauta específica.
Prorrogação da licença maternidade e paternidade – Voltar para pauta específica.
Atividades corporativas – Excluída
ESTRATÉGIA DA NEOENERGIA É “EMPURRAR COM A BARRIGA”
A postura da Neoenergia mostra que a holding tenta fazer os trabalhadores se renderem ao cansaço para aceitar os números rebaixados que ela oferece. A tentativa é ir “empurrando com a barriga” as negociações para, nas proximidades das festas de fim de ano, diante do desejo e da necessidade de dinheiro, fazer a categoria aceitar o que for oferecido.
A Intersindical vai fazer esse debate com os trabalhadores nas assembleias, esclarecendo os riscos em jogo e desmistificar os números, além de mostrar o que está por trás da proposta apresentada. Alertaremos para que a pressa não seja responsável por uma perda irreparável. #NinguémMexeNasNossasFundações!
Os omissos? Ou o silêncio dos que NÃO são inocentes?
Enquanto o circo pega fogo, os trabalhadores se perguntam onde estão os senhores Mario Ruiz, presidente da Neoenergia e José Ignacio Sánchez Galan, Presidente da Iberdrola e Presidente do Conselho de Administração da Neoenergia. Ainda no início do ano, a Intersindical fez um pedido formal de reunião com esses executivos da Neonergia/ Iberdrola para discutir os impasses existentes e as situações que encontram-se sem definição.
Entre as questões que a Intersindical pontuou no pedido de reunião está o debate sobre a PLR, a definição da manutenção das nossas Fundações, discussão sobre as situações das demissões injustas realizadas pelas empresas do grupo, além da política de RH adotadas, entre outras questões.
Mostrando o desprezo pela representação sindical legítima, apesar das constantes cobranças, até o momento, os executivos não deram nenhuma resposta para o pedido. “Esta é uma clara demonstração de indiferença e pouco caso com as demandas dos trabalhadores.
O silêncio e a omissão dos executivos revelam que a verdadeira preocupação está na maximização constante do lucro com único objetivo de enviar dinheiro para a Espanha e nenhuma preocupação com os interesses dos responsáveis pelo sucesso das empresas”, lamentou o coordenador da Intersindical José Fernandes.
Mario Ruiz e Galan precisam colocar “a cara na tela” e não apenas enviar as ordens de cima para baixo tirando nossos direitos e conquistas. Tudo vem acontecendo após o Grupo Iberdrola assumir de forma majoritária a direção da Neoenergia.
É a Espanha ditando as regras e querendo fazer os brasileiros de escravos. Eles simplesmente fazem ouvido de mercador até a presente data. Qual o motivo para o silêncio daqueles que não são inocentes?
SEM DATA CONFIRMADA PARA PRÓXIMA REUNIÃO
A falta de sensibilidade e desrespeito da holding ficou mais evidente quando a bancada sindical, demonstrando seu interesse em continuar o processo negocial, questionou a previsão do próximo encontro para tentar evolução nas negociações. De forma pouco interessada, o Superintendente de Relações Sindicais, Bruno Coelho, disse que não tinha agenda para realizar uma nova reunião.
Após a Intersindical realizar repúdio em mesa, o Superintendente afirmou que iria fazer um esforço para tentar dar uma resposta na próxima sexta, mas não garantiu nenhuma data ou certeza de quando pode ocorrer uma nova rodada. “O aluno de Mário Ruiz e Galan apenas reproduz a forma indiferente de tratar as demandas dos trabalhadores do grupo, o que é lamentável”, frisou o diretor do Sintern, Pedro Damásio.
Entenda o porquê da proposta da Neoenergia ser prejudicial para os trabalhadores
A Intersindical alerta os trabalhadores do Grupo para o perigo que há por trás da proposta da Neoenergia. Não se trata apenas de números rebaixados, mesmo com a holding em uma situação financeira excelente. A proposta, na verdade, despreza o conjunto da pauta unificada, excluindo respostas e encaminhamentos objetivos para itens como PCCS, PLR, Representante no Conselho de Adm da Celpe e, o pior de tudo: insere a nova Fundação Néos no texto dos ACT’s das empresas. Entenda melhor os perigos:
FUNDAÇÃO NÉOS: UMA CAIXA PRETA QUE OS TRABALHADORES NÃO QUEREM
A tentativa da Neoenergia é “legitimar” a NÉOS nos acordos coletivos a qualquer custo. Os editais de Privatização das empresas garantem a manutenção das nossas Fundações Celpos, Faelba e Fasern, e uma possível inserção da NÉOS no texto dos ACT’s pode insinuar uma aceitação tácita, dificultando a preservação das nossas Fundações, inclusive juridicamente abre um precedente desfavorável para os participantes e assistidos. Por esta razão não aceitaremos a inclusão da NÉOS nos ACT’s.
NÚMEROS REBAIXADOS COM SITUAÇÃO FINANCEIRA SÓLIDA
Dinheiro em caixa é uma coisa que a Neoenergia não pode se queixar. A holding, mais uma vez, passa por uma situação de crescimento e ampliação do lucro. Todos os números são favoráveis. Não se justifica, portanto, a Neoenergia oferecer uma proposta com valores inferiores ao último acordo.
PCCS CONTINUA SEM EVOLUÇÃO
Uma das principais demandas da categoria continua sem ter uma resposta concreta. O PCCS, mesmo com os ensaios realizados na comissão criada, ainda precisa ter da holding a prioridade necessária para que exista avanços concretos em sua construção. A resposta da empresa é indiferente a este item.
PLR SEM DEFINIÇÃO
A PLR dos trabalhadores do grupo não tem previsão sobre as regras que serão aplicadas. A Intersindical vem tentando superar a proposta de limitação no pagamento. Já estamos em dezembro e, mesmo os trabalhadores fazendo esforços diários, para que as metas sejam alcançadas, não se sabe como será feita a divisão.
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