Gerentes tocam o terror para cumprimento de normativos, mas empresa, por outro lado, não cumpre suas responsabilidades assumidas
Dois pesos, duas medidas. Esse parece ser o lema da Chesf quando o assunto é direitos e deveres. Um bom exemplo dessa lógica é o comportamento dos gerentes da Regional Sul que têm promovido reuniões com os trabalhadores em algumas áreas, inclusive com a participação do RH e do Jurídico, reafirmando o cumprimento dos normativos da Chesf, principalmente o que trata do registro da frequência dos empregados. Até aí nada demais. Porém, o que seria, a princípio, uma conduta normal, tem interferido na relação de trabalho entre subordinado e gestor, tudo isso devido a exigência do cumprimento do normativo não está acontecendo de forma educativa.
Na prática, está havendo uma inabilidade dos “palestrantes”, que tem causado um constrangimento nas pessoas e afetado inclusive o clima organizacional na Regional. Não bastasse todo o clima apreensivo vivido no último ano por conta da ameaça de privatização do setor elétrico, parece que os gerentes colocaram uma pitada a mais na crise. Essa pressão sequer se justifica, já que o sistema de normativos institucionais da Chesf é claro. Nele, a cada agente é atribuída uma responsabilidade, como também seus direitos.
O que nos estranha nessas reuniões é o fato de os gestores se preocuparem apenas em apontar os deveres dos trabalhadores, mas esquecer de alertá-los sobre seus direitos, que por sinal vem sendo esquecidos pela Chesf. Será que não lembram que no último ano as decisões tomadas pela Diretoria da empresa e seus gerentes estão indo de encontro aos Acordos de Trabalho assinados com os Sindicatos?
Exemplo disso é processo de implantação do Centro de Serviço Compartilhado e a expansão da Teleassistência das subestações da Chesf. Estas ações deveriam ser discutidas com os sindicatos, mas a Chesf simplesmente ignora essa determinação do ACT. Na verdade, a Chesf não reúne, não conversa, não explica e nem comunica nada. Prova disso foram as retiradas e/ou mudanças do transporte de trabalhadores em algumas regionais. Arbitrariamente, a Chesf decidiu unilateralmente, apesar de sua Diretoria ter assumido o compromisso de dialogar com os sindicatos, fato esse que nunca ocorreu.
Cobrar é fácil! Quero ver é cumprir o que está assinado!
E o que dizer do PCR? Quantos empregados não estão enquadrados corretamente no plano? Há quantos anos o sistema de progressão por mérito não acontece, diferentemente de outras empresas do grupo? Será que os mesmos gestores que estão exigindo o cumprimento do normativo da frequência pelos seus subordinados trataram sobre isso?
Será que eles lembraram que o próprio normativo de RH, que trata de Horas Extras, tem um item que fala sobre as Horas do Banco de Compensação ao completarem 01 ano deverão ser pagas, e que a Chesf NÃO vem cumprindo seu próprio normativo? E mais: será ainda que esses mesmos gestores que exigem respeito ao Normativo, inclusive, sobre possíveis punições (advertência, suspensão) falaram que a Chesf vem descumprindo a NR-10 em suas instalações ao deixar trabalhadores sozinhos em área de risco?
Na prática vemos que se trata de dois pesos, duas medidas. Assim sendo, prezados gestores, ao exigirem dos seus subordinados o cumprimento do normativo, vejam o que a empresa está deixando de fazer. Do lado dos trabalhadores há o entendimento de que os procedimentos devem ser respeitados (e estão sendo). Não se justifica, portanto, a forma como essas reuniões estão sendo conduzidas, com ameaças e constrangimentos. Se querem cobrar façam sua parte.
Que tal começar pagando as horas extras de quem foi convocado para trabalhar no horário flexível e ultrapassou sua jornada de 08h, autorizem o pagamento do banco de compensação de quem tem horas acumuladas há mais de 01 ano, deem a folga semanal para os trabalhadores que não tiverem o seu descanso de domingo respeitado, cumpram o prazo para aprovação de adiantamento de viagem a serviço para que os empregados não viagem sem dinheiro, cumpram o intervalo intrajornada de 11h de descanso.
Querem mais? Então cobrem de seus superiores uma posição sobre o PCR para que o mérito seja aplicado em toda a Chesf, observem o cumprimento das normas de segurança do trabalho, vejam se seus subordinados não estão realizando atividades acima do grau de complexidade ao qual estão enquadrados no PCR e, por último, dialoguem com eles, afinal TODOS são funcionários da Chesf, ninguém fez concurso para ser gestor, vocês estão gestores, amanhã poderão estar do outro lado. Tá bom pra vocês ou querem mais?
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