Eletrobras: 6ª rodada de negociação do ACT e segue impasse

A Eletrobras tem deixado claro, nas negociações do ACT 2019 e nos informes aos empregados (como o nº 3184 de 30/05/19) que o grande problema da empresa não é mais a sua capacidade de investimento, mas sim os seus empregados. Segundo a nova política da Secretaria das Estatais (SEST) e as diretrizes da nova Secretaria de Desestastização, o objetivo (quase que uma obsessão) da atual diretoria é a permissão para demitir (de preferência, demissão em massa) e terceirizar o máximo possível das atividades. A estratégia está clara: a desvalorização (e precarização) do seu quadro de pessoal para aumentar o valor de mercado do grupo e gerar maior retorno aos acionistas.

As Demonstrações Financeiras de 2018 mostram que a “política de redução de custos” gerou uma queda de 18% nas despesas com pessoal. Como resultado, a remuneração total paga aos empregados reduziu-se em 12,8%, enquanto que a remuneração total paga aos administradores aumentou 15%! O grupo “Pessoal” foi o único a apresentar redução na distribuição do valor adicionado pela empresa em 2018 (-15%).

Dados apresentados pela empresa mostram que entre 2017 e 2019 ocorreram 3.392 adesões aos programas de desligamento, gerando uma “economia” anual de cerca de R$ 1,27 bilhão. Mas para a empresa é preciso demitir mais 1.700 empregados e atingir a meta de mais R$ 800 milhões de “economia” anual com pessoal.

Na mesa de negociação para o ACT 2019, a empresa sequer reconhece que a redução do seu quadro de pessoal (e como consequência, das despesas dessa ordem) implica em sobrecarga de trabalho aos empregados que permanecem nas empresas cumprindo o papel de garantir a segurança e operação do sistema elétrico nacional por meio da produção do sistema Eletrobras (geração, transmissão e pesquisa).

Não podemos esquecer que o grupo registrou em 2018 um Lucro Líquido recorde de mais de R$ 13,0 bilhões. E, em decorrência desse resultado, provisionou a distribuição de R$ 1,2 bilhão em dividendos para seus acionistas. Segundo a Consultoria Economática, no primeiro trimestre de 2019, a Eletrobras apresentou o 7º maior lucro líquido do Brasil e 11º maior lucro líquido da América Latina.

O curioso é que o montante de dividendos é exatamente o mesmo valor que a empresa afirma ter economizado com o desligamento de 3.400 empregados desde 2017. Ou seja, a lógica agora parece ser: demitir para distribuir dividendos.

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